Vocês já perceberam que os “eventos sociais” são quase sempre ocasiões ao redor de uma mesa em que se tem comida farta e quanto mais farta melhor? Seus amigos, comumente, te chamam para um café, um almoço, um jantar, uma festa… O Natal, a Páscoa, o Ano Novo e mais qualquer comemoração que o valha, sempre contam com comida disponível…
Difícil é ter um convite diferente desse: ser convidado para ir ao parque, andar de bicicleta, fazer uma trilha, ir na piscina, no clube… Na era da informação ter um convite para sair de sua casa e fazer alguma coisa offline já é coisa rara. Imagina só para os sedentários de plantão fazer alguma coisa que não seja acompanhado por comida.
Comer é um dos prazeres da vida, isso eu não nego. Mas cada vez mais a hora de comer acaba sendo uma desculpa para encontrarmos as pessoas de que gostamos, bater uma papo descontraído, rever aqueles que não víamos a tempos, reencontrar parentes. A comida e a “vida social” andam de braços dados.
Isso ajudar a fortalecer a ideia de que a hora de comer é um momento bom da vida, algo desejável, algo que queremos repetir mais e mais vezes. De fato é. Mas a questão que não é tanto e sempre pela comida, mas pela a interação social que proporciona. O problema é quando fica guardado de alguma forma em nosso subconsciente de que isso se deve a apenas a comida.
Pessoas com problemas de compulsão por comida acabam sofrendo mais, pois é inevitável se deixar levar por petiscos disponíveis em “eventos sociais”. E como essas pessoas já desenvolveram uma relação errada com a comida, muitas vezes, desde sua infância, não conseguem se controlar adequadamente. Então, para suportar a tentação, é melhor não estar próximo a toda essa comida.
Estou em dieta agora. Tenho que comer de forma regrada em horários certos e as coisas específicas dessa dieta. Isso significa que minha vida social praticamente acabou. Eventos sociais não são lugares apropriados para pessoas em dieta.
Primeiramente, normalmente, não há a comida adequada para pessoas em dietas; comumente são exatamente aquilo que não podemos comer. Até aí tudo bem, a pessoa pode, uma vez ou outra, comer antes e se aguentar para não comer nada, pois, afinal, a escolha em fazer dieta foi dela. Ninguém tem que se restringir por causa disso.
Mas, também tem que as pessoas se sentem incomodadas ao verem alguém em dieta. Algumas interpretam como “desfeita” você estar lá e não comer o que está disponível. Parece que quanto mais você come, mais você gosta da pessoa que fez a comida.
Tem aqueles ainda que querem “sabotar” a sua dieta, nem sempre de propósito, muitas vezes por pura falta de conhecimento da luta que é para quem vive na “luta contra a balança” ou tem compulsão alimentar. Falam coisas que nós já nos falamos todos os dias e tentamos combater: “Só um não vai fazer diferença”. Infelizmente um faz toda a diferença; é a porta aberta para os demais que virão se você abrir essa exceção.
Então, para não ficar passando por esses infortúnios, opto pela reclusão. É mais solitário, mas é mais fácil em alguns aspectos. Você se sente deslocado, sem apoio por vezes. Mas tem a certeza que é só uma fase que terá seu sucesso logrado.
Aos poucos é necessário sim desenvolver uma relação mais saudável com a comida, vendo-na muito mais como um alimento de que seu corpo necessita do que um forma de prazer ou uma fuga para seus problemas. E ir se expondo aos poucos é com certeza uma ideia válida, pois ninguém quer viver recluso e sem vida social eternamente por causa disso.
Mas aqui vai o meu mote: pessoas façam mais eventos sociais diferenciados, não precisa ter comida farta. Eventos para encontrar apenas nossos amigos e ter um tempo agradável. Os gordinhos agradecem!